SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou nesta quinta (17) a autorização a partir de 7 de outubro para que as escolas públicas e privadas da cidade de São Paulo possam reabrir para atividades extracurriculares. Ainda não há previsão de retomada das aulas regulares. O prefeito anunciou que avalia a possibilidade de retorno das aulas presenciais a partir de 3 de novembro, conforme antecipou a Folha de S.Paulo. Covas também autorizou a volta às aulas presenciais e regulares nos cursos de ensino superior da cidade para até 35% dos estudantes. A retomada das atividades extracurriculares é opcional e deve respeitar o limite, estabelecido pelo governo estadual, de atender apenas 35% dos alunos nas unidades particulares e 20%, nas municipais. A regulamentação do que poderá ser feito nas escolas será publicada na próxima semana. Questionado sobre a indefinição da volta às aulas e o atraso que isso provoca no planejamento das escolas, Covas disse que a cidade ainda está aprendendo a lidar com a pandemia. “É uma doença nova, ainda estamos conhecendo o seu comportamento e não é simples estabelecer o que vai acontecer daqui 1 ou 2 meses. Eu também gostaria de ter regras mais claras, mas estamos aprendendo a lidar com essa situação”, afirmou. Covas, que tenta a reeleição, sofre pressão de grupos opostos sobre a reabertura das escolas na cidade. De um lado, sindicatos de professores pedem que as aulas presenciais só sejam retomadas em 2021. De outro, donos de escolas querem a autorização para voltar a funcionar. Sem acompanhar o cronograma de reabertura definido pelo governo João Doria (PSDB), que já liberou parte das atividades escolares no estado desde 8 de setembro e prevê a volta às aulas regulares em outubro, Covas segue adiando a decisão. A prefeitura estuda a volta às aulas para 3 de novembro. Tradicionalmente o último mês completo do calendário letivo, novembro tem dois feriados e eleições municipais, quando Covas concorre à reeleição. Se concretizado, este plano de retorno terá como foco os alunos do 3º ano do ensino médio, que precisam ser preparados para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), marcado para janeiro. Assim, esses estudantes poderiam ter atividades presenciais em dezembro e até mesmo no primeiro mês de 2021. Nesta quinta o prefeito também apresentou os dados da última etapa do inquérito sorológico realizado em alunos de São Paulo. A incidência de crianças de 4 a 14 anos que possuem anticorpos para o Sars-CoV-2 é de 16,5%, sendo maior a prevalência na rede pública. A pesquisa foi feita entre 1 e 3 de setembro e foram avaliados 6.000 alunos divididos nas três redes de ensino na cidade: municipal, estadual e privada. Quando comparados os três estratos, a diferença da prevalência foi significativa para a rede privada (9,7%) em relação às redes municipal (18,4%) e estadual (17,2%). Já as diferenças entre raça e renda mensal foram significativas, porém com poucas mudanças em relação à etapa anterior. Como evidenciado no inquérito sorológico da população geral, no município de São Paulo a prevalência do Sars-CoV-2 é maior nas crianças pretas e pardas (17,6%) em relação às brancas (15,4%). A incidência nas crianças de classes D e E (17,6%) é duas vezes maior quando comparada às classes A e B (8,4%). Na amostra, 59,7% da população escolar de São Paulo está inserida nas classes D e E, enquanto 30,1% pertencem à classe C e 2,2% são de alunos das classes A e B. Não há prevalência significativa de alunos das classes A e B nas redes públicas municipal e estadual, indicando a baixa inclusão dessa classe à rede pública de ensino. A pesquisa apontou ainda que 25% das crianças testadas na rede pública moram com pessoas com 60 anos ou mais. Esse número foi maior quando avaliadas as crianças da rede privada, onde 31,1% delas vivem com pessoas de 60 anos ou mais. Do total de crianças analisadas, 66% responderam não ter sintomas de Covid-19, com destaque para uma taxa ainda maior na rede privada (70,3%). A taxa de assintomáticos na população adulta no município de São Paulo é de 38,2%.